Das quatro peças tetrais mais voltadas para jovens e adultos que vão ser realizados no palco do Teatro Rubem Braga (avenida Beira Rio, bairro Guandu) durante o VIII Festival de Artes Cênicas de Cachoeiro de Itapemirim (Facci), três são de produções capixabas – duas cachoeirenses e uma de Vitória – e uma de São Paulo. O evento, que vai acontecer também em outros espaços da cidade, será organizado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Semcult) de 26 de julho a 4 de agosto. Confira a programação completa.
No dia 26, às 19h30, o Teatro Rubem Braga receberá a peça “A Culpa”, do ator cachoeirense Luiz Carlos Cardoso. Trata-se de um monólogo baseado no texto “Carta ao Pai”, do escritor Franz Kafka, que questiona o existir-se. Desenvolvido por meio da Lei Rubem Braga, da Prefeitura de Cachoeiro, sua estreia aconteceu no final de 2012 e já participou de diversos festivais do nordeste, sudeste e sul do país, além de premiadas apresentações ao longo de 2013, 2014 e 2015 no Chile, Colômbia, Uruguai, Portugal e Itália.
No dia 27, no mesmo horário, tem o espetáculo “N”, do grupo paulista Cia Art-Móvel. No drama, dirigido por Otávio Delaneza, três personagens fogem para se afastar do estado de guerra no qual o mundo se encontra, levando com eles o que o corpo é capaz de carregar, desejando humanidade e buscando alma. Mas, de acordo com a sinopse, algo inesperado pode mudar o rumo desse trajeto.
“É a primeira vez que iremos ao Espírito Santo, e estamos muito felizes por isso. E levaremos a Cachoeiro uma temática importante da atualidade brasileira, que é a questão dos refugiados. Nossa expectativa é que o público reflita sobre esse assunto”, adiantou Delaneza.
No dia 28, também às 19h30, os integrantes do Folgazões Companhia de Artes Cênicas, da capital do Espírito Santo, sobem ao palco para exibir a peça “A Lenda do Reino Partido”, que apresenta uma trupe teatral que luta para se manter unida em meio a um reino afundado em crise profunda após uma conspiração que retirou o soberano do poder. Por meio do olhar sobre um local imaginário (que poderia ser a Europa central entre os séculos XIII e XIV) o grupo pretende lançar luz sobre a crise ética/política brasileira dos últimos anos e demonstrar como a arte pode enfrentar a barbárie.
No dia 30, às 19h30, será a vez do espetáculo “Palavras Cruzadas”, da Cia Nós de Teatro, de Cachoeiro. Na sinopse, um casal que “mora em um país tropical abençoado por Deus” aproveita um domingo de praia “bonito por natureza”, ao som do melhor da música brasileira e em meio a muita curtição, nas redes sociais. Assim que percebem que a conexão caiu, uma pequena discussão se inicia, fazendo ambos se sentirem “culpados”, o que gera a seguinte questão: eles devem ficar juntos? Sem saber como tomar essa decisão, começam a saber o que a plateia acha.
“Com esses quatro espetáculos adultos para palco, temos uma boa mostra da diversidade da dramaturgia e formas de falar de assuntos sérios sem perder a dinâmica do teatro. Acredito que todos gostarão das histórias apresentadas em nosso VIII Facci”, destacou o subsecretário de Cultura e Turismo, Lucimar Costa.
Centro Nelson Sylvan também receberá espetáculo
Outro espaço que vai receber o VIII Facci é o Centro Cultural Nelson Sylvan (rua 25 de Março, Centro). No dia 27, às 18h, o Coletivo Epicentro, de Cachoeiro, vai encenar o espetáculo “Terror e Miséria”, uma adaptação do texto “Terror e Miséria no Terceiro Reich”, do dramaturgo alemão Bertold Brecht. Nesta montagem, será exposta parte da dura realidade da Alemanha nazista da década de 1930.
Peça bilíngue inclusiva
O VIII Festival de Artes Cênicas de Cachoeiro de Itapemirim terá, também, apresentações com foco na inclusão. Uma delas é a peça bilíngue “Cidade Fria”, da Cia Encena, agendada para 31 de julho, às 19h30, na Sala Levino Fanzeres (anexa ao Palácio Bernardino Monteiro), será reproduzida em língua portuguesa e Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Ela conta a história de amor entre Edu e Fernanda, um ouvinte e uma surda, que se relacionam além do som falado, com o sentimento que habita no sentir, no olhar e no abraço. Tendo como pano de fundo o período da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), a encenação tem como objetivo propor a possibilidade de criação de vínculos que independem de diferenças.